Giselle Itiê estava com trauma de protagonistas até ser chamada para viver Bela, A Feia, trama que estreia no dia 4 de agosto na Record. Depois de uma experiência desastrosa como a mocinha Júlia de Começar de Novo, na Globo, há cinco anos, onde foi injustamente criticada, a atriz mal acreditou quando recebeu uma ligação de Hiran Silveira, diretor geral de teledramaturgia da Record.
Nessa época, no final do ano passado, a atriz mexicana, 27 anos, ainda estava com contrato com a Globo ao ser chamada para viver a desastrosa Ana Bela. "Sacanagem me chamarem para essa personagem! Foi como se dissessem: 'Vem agora!'. Aceitei imediatamente", empolga-se, agitando os braços e emendando palavrões. "Tinha vivido uma experiência péssima como protagonista na Globo. Eu era muito nova, vivenciei coisas difíceis nos bastidores. Mas aqui se faz, aqui se paga", desconversa.
Falante e animada com a caracterização de Bela, Giselle tem levado aproximadamente uma hora por dia para vestir os acessórios que "enfeiam" a personagem. Entre aparelho nos dentes, óculos, enchimentos para parecer mais gorda e uma franjinha caipira, a atriz assume que tem se sentido fisicamente estranha mesmo depois de se livrar da caracterização. "Estou há um mês e meio gravando de segunda a segunda. Ficar feia esse tempo todo mexeu com a minha autoestima. Também fui esquisita com 12 anos de idade, com aparelho nos dentes", lembra, aos risos.
Para compor a mocinha do seriado que já conta com mais de 20 versões gravadas em diversos países, Giselle garante que não teve tempo de grandes pesquisas. Optou por ler histórias simplórias, como o clássico infantil O Patinho Feio, do dinamarquês Hans Christian Andersen. Além disso, passa horas por dia assistindo às diversas versões do seriado, principalmente o Ugly Betty, produzido nos Estados Unidos. "Assisto a tudo para fugir da forma de interpretação das outras atrizes. Fiz questão de não pegar os trejeitos delas", avisa.
Meio sem graça, ela acaba admitindo que tem se inspirado em pessoas mais próximas do trabalho para a personagem. "Observo bastante uma pessoa muito feia aqui da Record. Ela não sabe que estou usufruindo dela", diverte-se, constrangida.
Apesar de sua aparência pouco atraente, a personagem de Giselle só passa a ter sua autoestima abalada quando vai trabalhar na fictícia agência de publicidade +/Brasil. No novo emprego, começa a conviver com belas modelos e percebe o abismo entre este universo e o bairro em que vive, na zona portuária do Rio. "Até conhecer essa nova realidade, ela se acha o máximo, inteligente, tem MBA e namora um pagodeiro que gosta dela", explica Giselle, se referindo ao boêmio Nelson, vivido por Cláudio Gabriel.
Mas o namorado com ginga de malandro vai ter os dias contados na trama. Cada vez mais Ana Bela se destaca na empresa e se aproxima do chefe Rodrigo, vivido por Bruno Ferrari. "O personagem do Rodrigo não tem um caráter bacana. Ela é o contrário disso e ambos se transformam juntos na trama. Ela percebe como as pessoas são cruéis nesse novo universo", analisa a atriz, que estreou na tevê há oito anos, como a sensual Lola na minissérie Os Maias, na Globo.
Ainda em 2001, Giselle foi para o SBT atuar na novela Pícara Sonhadora. Mas não ficou muito tempo em São Paulo. No ano seguinte, voltou para a Globo e não parou mais. Emendou as tramas Esperança e Kubanacan, até ser escalada para protagonizar Começar de Novo em 2004. "Eu era muito nova, vivi pressões 'extraprofissionais' na época. Um dia vou falar melhor sobre isso", esquiva-se a atriz. Desapontada com a Globo, Giselle teve uma passagem pela Record na série Avassaladoras, em 2006, co-produzida pela Fox.
No entanto, no mesmo ano, a atriz aceitou ser escalada para uma participação em Pé na Jaca como a sedutora Dalila. Mas, sua última novela na Globo - até ser chamada pela Record - foi numa participação em O Profeta, como a atraente Sabine. "Em todas as novelas eu era escalada pela minha beleza. 'Bela, A Feia' é minha única personagem na tevê que não tem o físico como atrativo. Isso para mim é irresistível", anima-se, num farto sorriso.
Forma curvilínea
Giselle Itiê sempre teve de controlar sua gula por doces para não herdar as curvas mais arredondadas de parte de sua família italiana. Sempre atenta com a forma, a atriz chegou a praticar sete anos de balé clássico na infância, mesmo contra sua vontade. Seu desejo era fazer judô. Mas só conseguiu praticar uma atividade mais agressiva na fase adulta, quando começou a fazer aulas de boxe. "Eu acabava as aulas exausta, sem energia para nada, mas o esporte deixava meu corpo ótimo", lembra.
Mas só recentemente, quando foi escalada para interpretar a doce Sandra no longa Os Mercenários, que Giselle viu que realmente precisava emagrecer. Sylvester Stallone, diretor do filme que teve cenas rodadas no Brasil e estreia nos Estados Unidos no primeiro semestre de 2010, pediu que a atriz "enxugasse" 5 kg de suas curvas. Imediatamente Giselle cortou os carboidratos, doces e passou a correr diariamente, por uma hora. Mesmo assim, já teve de recuperar 2 kg para interpretar Ana Bela na Record. "Fiz muita dieta e parei de beber. Eu era quase alcoólatra. Mas não larguei o cigarro", diverte-se, entre gargalhadas.
Instantâneas# Durante o período em que está gravando como Bela, Giselle não pode fazer as unhas dos pés e das mãos e nem as sobrancelhas para a personagem
# A primeira aparição de Giselle Itiê na tevê foi num comercial da marca O Boticário, em 2000
# A atriz nasceu na Cidade do México, mas sua família mudou-se para o Brasil em 1985 por causa do grande terremoto que destruiu a capital mexicana
# Em 2005, Giselle chegou a comandar o programa de viagens "Oi, Mundo Afora", no GNT
# Distante das novelas desde 2007, Giselle Itiê chegou a fazer cinco participações em seriados da Globo em 2008. Atuou em dois episódios de Faça Sua História e em três episódios de Casos e Acasos
# Em 2007, quando participou do quadro Dança no Gelo, no Domingão do Faustão, a atriz levou um tombo nos ensaios e chegou a sofrer traumatismo craniano. Mas o acidente não deixou sequelas.
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